domingo, 20 de julho de 2008

O Impacto das mudanças no universo farmacêutico

O Impacto das mudanças no universo farmacêutico
12/4/2008 - 18:34:49

Pronunciamento do Presidente da FEIFAR na V Conferência Nacional de Educação Farmacêutica.

Neste evento que propõe debater a formação profissional em tempos de mudanças e formular propostas para o enfrentamento de desafios, entendi ser necessário uma visita ao pensamento de Alvin Tofler. O cientista norte americano Alvin Tofler é considerado a maior autoridade mundial no estudo do impacto das mudanças nas relações humanas e sociais, na politica, na economia e na educação.

Em 1970 Alvin Tofler publicou seu primeiro best seller, o choque do futuro. Neste livro o autor analisa a aceleração do ritmo com que as mudanças acontecem e descreve o grande salto na aquisição de conhecimentos que experimentou a humaninade desde que Gutemberg inventou o tipógrafo no século XV. Antes de 1500 a Europa produzia livros a uma taxa de 1000 por ano. Isto significa que levaria um século inteiro para se produzir uma biblioteca de 100 mil títulos. Por volta de 1950, quatro séculos e meio mais tarde esse ritmo tinha se acelerado tão intensamente que a Europa já produzia 120 mil títulos por ano. O que um dia levou um século, agora levava apenas 10 meses. Em meados dos anos 60 o mundo já produzia o número prodigioso de 1000 títulos por dia.

Em 1980 Alvin Tofler publicou seu segundo best seler, A Terceira Onda. Neste livro a autor analisa as grandes revoluções da humanidade. A primeira onda foi a revolução agricola. A riqueza das nações era criada pelo cultivo da terra. Na segunda onda a forma de se criar riqueza passou a ser a manufatura industrial e o comércio de bens. Na terceira onda o conhecimento passa a ser o meio principal de produção de riquezas. Nesta nova sociedade as grandes batalhas não serão travadas pelo controle de fontes de matérias primas ou energia, mas sobre a propriedade industrial, sobre o controle e acesso a bancos de dados, sobre controle e direito de acesso a canais de comunicação, sobre o domínio de mercados de produtos e serviços inteligentes.
Na Industria Farmacêutica procura-se as drogas inteligentes que atuem em tecidos específicos não afetando outros tecidos saudáveis do organismo. No varejo farmacêutico as empresas, como estratégia para tomada de suas decisões, possuem tecnologias que controlam desde o número de pessoas que entram no estabelecimento por dia, até o giro de produtos em estoque para que nunca faltem no ato do atendimento aos seus clientes.

A ANVISA e outros órgãos reguladores utilizam sistemas de informação para conhecer e controlar os exorbitantes índices de consumo de medicamentos psicoativos no Brasil. São os farmacêuticos os operaradores desse sistema.

Diante desse cenário, em constante mutação, encontramos inúmeros desafios. A V Conferencia Nacional de Educação Farmacêutica, propõe que encontremos soluções.
Acredito na possibilidade de que juntos, entidades de ensino e de classe, profissionais e estudantes, podemos forjar um futuro de muito sucesso para a profissão farmacêutica em nosso país.
Atenciosamente,

Farm. Danilo Caser - Presidente da FEIFAR

Pronuciamento do Presidente da Feifar na audiência pública sobre a consulta 69/2007 da ANVISA na Camara dos Deputados em Brasília

Pronuciamento do Presidente da Feifar na audiência pública sobre a consulta 69/2007 da ANVISA na Camara dos Deputados em Brasília

O Farmacêutico é o profissional da área da saúde conhecido como o guardião dos medicamentos. Isto porque trabalha em toda a cadeia deste produto, desde a pesquisa e produção até a dispensação ao consumidor final.

Por isso o farmacêutico tem uma importante função e compromisso social na garantia do acesso da população aos medicamentos. Mais o compromisso do farmacêutico é ainda maior. A função social do farmacêutico também compreende a qualidade desse acesso no momento da dispensação do medicamento.

Esse compromisso se fundamenta em pesquisas e dados da OMS que apontam que 50% dos medicamentos são prescritos pelos médicos, dispensados nas farmácias e drogarias e utilizados pelos pacientes de forma incorreta. O uso incorreto pode resultar em diversos problemas, que vão desde o insucesso do tratamento até o aparecimento de outras reações que podem agravar o problema de saúde do paciente.

Estes dois fatores ocasionam a recidiva do paciente ao sistema de saúde. Gerando um novo gasto que poderia ser evitado através da descentralização de informações. Numa prática comprometida com a saúde podendo ser adotada pelas mais de 50.000 farmácias e drogarias espalhadas por todos os rincões do Brasil.

Entendemos que as farmácias e drogarias também possuem esta mesma função e compromisso social. A dificuldade histórica de acesso aos serviços de saúde no Brasil fez e ainda faz com que esses estabelecimentos, que trabalham com produtos utilizados na prevenção, promoção e recuperação da saúde, assumam a função do estado de oferecer a população atendimento aos problemas de saúde. Desde o mais simples até os mais complexos. Com e sem receita médica. Em caráter de urgência, emergência ou para tratar problemas corriqueiros do dia a dia.
Por tudo isso a preocupação dos farmacêuticos, diante de seus compromissos com a saúde e com a sociedade, é a banalização do comércio de medicamentos no pais. Não somos contrários ao comércio e sua necessidade de ter lucro. Mais entendemos que o lucro pode andar junto com o compromisso social de que falamos.

A banalização ocorre, por exemplo, através das propagandas e promoções agressivas e em alguns casos até enganosas que podem induzir o consumo desnecessário e perigoso de medicamentos.
Somos a favor da prestação de serviços. Começando pelos serviços farmacêuticos, que tem a possibilidade de apoiar as ações do setor publico de saúde, na realização de campanhas que podem fazer a triagem de pacientes portadores de doenças crônicas, como exemplo da hipertensão e diabetes que muitas pessoas têm e não sabem, aos profissionais médicos para o diagnostico e tratamento da doença. Os serviços farmacêuticos também podem ser decisivos no acompanhamento do uso dos medicamentos desses pacientes, detectando se o medicamento esta ou não fazendo efeito através da medição dos parâmetros bioquímicos e fisiológicos da glicemia e PA.

Não somos contrários a prestação de outros serviços como venda de cartões telefônicos, correspondente bancário e outros itens que são considerados de utilidade publica para atender necessidades dos consumidores que podem contar com os horários estendidos de atendimento prestado pelas farmácias e drogarias.

Sabemos que em outros paises nas farmácias são oferecidos os itens de conveniência, através do modelo drugstore. Mais nesses locais os medicamentos são tratados como produtos de saúde e não como simples mercadorias, o atendimento prestado pelos farmacêuticos na informação dos consumidores para o uso correto do medicamento é garantido durante todo o período de funcionamento dos estabelecimentos.

Entendemos ser necessário definir o modelo de farmácias que queremos em nosso Pais. E este compromisso vai além dos interesses que representamos através de nossas entidades. É um compromisso que temos enquanto cidadãos deste país na construção de uma saúde mais digna e de melhor qualidade para todas as pessoas.

Farm. Danilo Caser
Presidente da FEIFAR – Federação Interestadual dos Farmacêuticos.

publicado em - http://www.idisa.org.br/site/vernot.php?vernot=1547

sábado, 19 de julho de 2008

Farmacêuticos, balconistas e farmacistas

Os proprietários de farmácia possuem um estoque inesgotável de armadilhas para enganar os farmacêuticos. Uma destas é a estupidez de dizer que o farmacêutico tem que ser um bom balconista. E o pior, ainda há farmacêuticos que caem nessas armadilhas.

Um bom balconista, que tenha experiência no balcão da farmácia, adquire o status de farmacista, "neologismo" com o qual também se auto definem os donos de farmácia. Muitos gerentes de farmácia que se julgam profundos conhecedores sobre medicamentos também se intitulam farmacistas. O sonho de todo farmacista é ser um verdadeiro farmacêutico. Muitos gerentes farmacistas não conseguem sequer esconder o despeito na relação com os farmacêuticos. Imagino o dia em que vão propor que os farmacistas também possam assumir responsabilidade técnica pelas farmácias. Tenho que reconhecer a criatividade dos que inventaram a figura do farmacista. Até a industria farmacêutica caiu como uma pateta nessa balela de farmacista.

Antes mesmo de terminar este artigo fiquei sabendo por um amigo, que no estado do Tocantins já existe um novo profissional de farmácia, o "balcofarmacista". Logo logo os donos de farmácia vão dizer aos farmacêuticos que eles devem ser "balcofarmacêuticos". A fonte criativa é mesmo impressionante e inesgotável.

Quem atende no balcão da farmácia? O Farmacêutico, os farmacistas e os rescém chegados balcofarmacistas. O atendimento no balcão requer conhecimentos específicos e treinamento. A única forma de adquirir os conhecimentos específicos para lidar com medicamentos é a formação em nível superior no curso de farmácia. Treinamento, segundo os educadores, siginifica o mesmo que adestramento ou condicionamento. Para treinar um funcionário na execução de uma determinada rotina e, para se tornar um farmacista, não é preciso que se tenha curso superior, um bom treinamento é suficiente. A fórmula para se ter um bom farmacista é um bom adestramento.

A farmácia viveu seu auge quando servia a sociedade prestando serviços de saúde. O balcão era o local onde o farmacêutico atendia seus pacientes, ouvindo-lhes sobre seus problemas de saúde e lhes dispensando, além de medicamentos, atenção e cuidados. A industrialização em larga escala chegou pondo um fim a esse período. Fez com que se avolumassem os estoques exigindo um escoamento rápido dos produtos. Para vialibilizar este processo foi preciso afastar o farmacêutico da farmácia por ser considerado um empecilho as vendas, e começaram a se adestrar vendedores hábeis em convencer os clientes sobre a necessidade "imprescindível" de usar medicamentos. A lógica deste adestramento foi ditada pela obtenção de lucro fácil e rápido. Neste exato momento nascem no Brasil a Lei 5991, a Drogaria e os Farmacistas. Vendedor de medicamento é sinônimo de farmacista.

Este processo banalizou o medicamento perante a sociedade, tanto que a cada duas pessoas que usam medicamentos uma usa de forma errada.

O uso irracional de medicamentos e os falsificados matam usuários no Brasil. A população paga um alto preço. Em virtude disto o modelo do lucro fácil começa a ruir. O Farmacêutico volta a ocupar seu espaço nos balcões das farmácias e no contexto geral da saúde. Os farmacistas inventam falácias no desespero de manter seu lucro.

Se existe algum intruso no balcão da farmácia este não é o farmacêutico. O balcão continua a ser o local onde o farmacêutico atende seus pacientes ouvindo seus problemas de saúde e lhes dispensando além de medicamentos, atenção e cuidados. A sociedade quer que o farmacêutico e a farmácia reassumam sua função como profissional e estabelecimento voltados a lhe prestar serviços de saúde.

A única forma do farmacista se tornar farmacêutico é fazendo curso superior em farmácia. Façam isso é sejam bem-vindos.


Obs: Não tenho nada contra outros profissionais que atuam nas farmácias. Não falo isto como discurso mas como parte de meu exercício profissional .Também estou no balcão de uma farmácia. Este texto foi escrito no balcão de uma farmácia. Acredito que acima de qualquer título está a vontade e a determinação pessoal. Mas enquanto farmacêutico convicto, sempre que for necessário empunharei a caneta e levantarei a voz para defender os interesses da categoria que represento.

Farm. Danilo Caser
Presidente da Feifar

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Farmácia - Lucro X Saúde.


A partir do ano de 1998 entidades farmacêuticas e da área da saúde intensificaram suas ações na luta pela implantação de um novo modelo de farmácia voltada a prestação de serviços de saúde em contraposição ao atual modelo considerado prejudicial a sociedade.

O atual modelo baseado na comercialização indiscriminada de medicamentos com a finalidade exclusiva de se obter lucro banalizou o medicamento perante a sociedade a ponto de que uma em cada duas pessoas que usam medicamento o fazem de maneira incorreta.

Essas duas posições estão consolidadas. Os papéis de cada um dos lados está definido. De um lado os que defendem a saúde, de outro os que defendem o lucro em detrimento da saúde.

Os defensores do atual modelo dizem que o setor vem sofrendo com o excesso de regulamentação imposto pela Anvisa e demais entidades fiscalizadoras. Que deste comércio sobrevivem milhões de trabalhadores no Brasil e que não tem nenhum cabimento mudar o modelo atual, pois isso geraria desemprego, falência de empresas e graves problemas sociais. E afirmam: é utopia pensar que um dia a farmácia poderá se transformar em estabelecimento de saúde.

Os defensores da mudança para um modelo comprometido com a saúde possuem dados que mostram que 50% das pessoas usam seus medicamentos de forma incorreta. Que existem nos balcões das farmácias e drogarias inúmeras práticas que prejudicam a saúde do consumidor como a empurroterapia, a venda de medicamentos tarjados e aplicação de injetáveis sem apresentação e retenção de receita médica, a indicação indiscriminada de antibióticos e a venda de medicamentos pirateados que a mídia noticia todos os dias. E perguntam: Que cabimento existe em se encontrar em uma única quadra (aproximadamente 200 metros) nas ruas de diversas cidades brasileiras, 2(duas) e as vezes até 3(três) farmácias de uma mesma rede? Que cabimento existe nas grandes redes de farmácia anunciarem para a população que vendem todos os seus medicamentos abaixo do preço de custo e sortearem carros e casas aos seus clientes? Que cabimento existe no fato de grandes laboratórios farmacêuticos multinacionais patrocinarem médicos a prescreverem em suas receitas apenas uma marca de medicamento para determinada patologia, dizerem ao paciente que medicamento genérico não tem qualidade e imporem a seus pacientes que aviem suas receitas em apenas uma determinada farmácia ou drogaria? Que cabimento existe em pessoas morrerem por usar medicamentos falsificados e de má qualidade adquiridos nas farmácias?

Farmácia - Lucro X Saúde. Escolha o seu lado.
www.feifar.org.br

Farm. Danilo Caser
Presidente da Feifar